5 de jan. de 2011

É proibido discernir entre o certo e o errado. Você poderá ser rotulado pelo resto da vida. O desejo de se expressar deve ser reprimido. O diferente causa estranhamento. Suas idéias não devem tomar forma ou posicionamento, pode ser pernicioso. Não faça perguntas para quem nunca tem respostas e apenas críticas destrutivas. Silencie, é o melhor a fazer. Se isole no seu mundo já que ninguém deseja compartilhar. Não se torne artista, escritor ou algo do gênero, portanto, não perca tempo sendo alvo de descrença. A descrença se desfaz apenas quando prêmios são recebidos. Fica terminantemente proibido criar, a não ser que você queira se tornar “esquisito” para o resto da vida. Não se preocupe em estudar muito, a mediocridade é rainha em chamar a atenção. Não há esforço que liquide uma crítica mordaz. Não leia demais, apenas o necessário para não ser chamado de intelectual amargurado. Emitir opiniões também cansa melhor é escrevê-las. Quem não pensa talvez seja mais livre. Não seja bom em tudo, é preciso errar para não ser um modelo para os outros. Não confie na opinião de pessoas muito seguras, pois tudo sempre estará em perfeita ordem. O caos é necessário para arrebentar com tudo. Nasça de novo caso você não consiga fazer nada direito. Talvez seja possível (mas já venha fisicamente dentro do padrão ok?) Não questione o mundo ele foi feito (por deus nosso senhor?) na medida certa para os que acreditam em uma única direção. Não seja teimoso (olha que deus castiga!). Não tire nada do lugar, não vire punk para transgredir ouvir heavy metal e ler Bukovski só trazem problemas. Não queira ser o lixo social do seu bairro. Sofra, definhe, mas por dentro. Não transpareça que você está incomodado com alguma coisa, técnicas de teatro podem ajudar. Respeito os sinais de transito, principalmente aqueles sinais que indicam silêncio. Cale a boca. Não queremos saber a sua opinião. Não transgrida ou você morre de fome. Obedeça, você será mais feliz. A eugenia perdura na humanidade (ao que de outra forma), é preciso eliminar (ou excluir?) os cérebros pensantes. “Relações de bajulação”. Perfeito. Corte-as ou alimente-se delas, como quiser. Não ouse discordar de quem tem o poder. Por quê? Porque se tem o poder, ora. Trapaceie você será o primeiro em tudo. Seja menos pior do que seu o vizinho. Mas só um pouquinho para não se tornar péssimo, ele pode ficar com inveja. Não escreva poemas, a metáfora pode se tornar uma inimiga. Seja sempre magro e coma verduras. Magro e saudável, olha a ressalva.
Pagamos um alto preço por sermos “fora do padrão” (padrões criados por nós mesmos) em uma sociedade, e quando digo sociedade, comece pela sua família, que não se sente bem com as diferenças. Nos exaurimos até a morte para não compartilharmos desta descrença (olha que deus não gosta!) e choramos copiosamente por um mundo que nunca nos pertenceu. Ame-o ou deixe-o. Você escolhe: entrar sistematicamente no sistema métrico da sua vidinha medíocre; fazer parte de uma coletividade acéfala; ler este texto que é quase gênero auto-ajuda até o fim (outros diriam que é um grito no escuro- outros?) ou continuar, persistir neste deslocamento de si mesmo em meio a essa porra toda que não faz sentido. Eu quebraria tudo, literalmente.

3 comentários:

  1. Olha ela, mais uma vez escrevendo... agora é um texto de alguem mestrado no assunto... fico feliz por ti...!!! Abraços e eu não sumi... apenas dei um tempo, e retornando com o Blog!!!

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  2. muito bom ler algo de quem eu adimiro e conheço o talento...sejamos todos estranhos então ja uqe o cotidiano se mostra a cada dia numa mesmisse atormentadora, graças aos estrnhos como tu a vida tem sabor...parabéns

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  3. Quebre tudo, Vanessa! Literariamente, como vem fazendo.

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