Poema Itabirano
a cabeça pesa
porque já bebi toda a esperança
daquela última garrafa guardada no armário
a luz apagou
e agora João
cadê a alegria
a morte levou
esse poema era só pra dizer
que a vida desandou
e que ser feliz é uma ordem.
Travessia
eu queria deixar um poema
aqui no banco deste ônibus
para ludibriar o coração
dos homens ocos
mas a porta se abre
é a minha vez de partir.
Ruínas
nesta noite
talvez minha embriaguez
permita algumas concessões
mas não há perdão
em minhas mãos
é tempo de memória.
Serventia
nesta tarde banal
preparei a casa
o corpo
a vida
mas não vieste
e o meu poema
se desfez
feito pão de ontem
esfarelado de tristeza.
Alice não vai voltar
me perdi
como uma chave
-inevitavelmente -
dentro de uma bolsa
de caos
com um fundo roto
de tão falso.
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