14 de jan. de 2009

Confesso que escrevi



A definição provável para o livro “Cem Sonetos de Amor” de Pablo Neruda (Porto Alegre: L&PM Pocket, 2007. 116 p. R$ 9,00) é certamente a imensidão do amor; onde Neruda com um lirismo além do engajamento característico de sua obra nos brinda com os mais belos sonetos eternizados pela memória de gerações de leitores. Neruda em sua Manhã, Meio Dia, Tarde e Noite (assim divididos estão os cem sonetos) revela à sua amada Matilde, a quem dedicou o livro, sua simplicidade no amor e na poesia revelando um poeta que canta sua inconformidade com o social, mas que não deixa de lado a subjetividade que transforma o singelo em versos. Neruda sempre fez da escrita uma forma de falar à verdade às incongruências da sociedade; entretanto, aqui temos um Neruda mais lírico e sufocado apenas pelos sentimentos permeados pelo amor, desejo e saudade. Não há dúvida que o poeta representa um ícone da poesia em língua espanhola, acompanhado logicamente de Mário Benedetti, Federico Garcia Lorca e tantos outros de igual importância na historia literária. Se para Neruda o amor à sua Matilde é incondicional, a identidade que cria em sua obra também é retratada de forma a valorizar o espaço que o poeta compõe seus versos. Escrever é mudar a própria voz. Neruda como todo poeta transforma a realidade e cinge de modo profundo o que há de mais belo nas coisas simples. Uma leitura importante para despertar o que está adormecido em nossa consciência.


Publicado no jornal Em Questão em 10/01/2009

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