PLANO DE VÔO (PAulo Colina)
quebrar o elo
com o silêncio
abrir a porta
da rua
e despertar esse morto
abrir os braços
e libertar esse pássaro
louco
que se bate
há tanto tempo
dentro de mim
deixar que saia cidade
adentro
planando
vagando lua bêbada
e sem destino
sobre a cobertura negraveludada
da noite
senhor desse universo
sem conter esse desejo
essa sede do fundo
do poço
que não sacia
sem se opor
por ordem ou norma
à emoção
orque amanhã
nos foderemos mesmo
de qualquer forma.
(Poesia Negra Brasileira. Antologia. Zilá Bernd. IEL. 1992. )
Nenhum comentário:
Postar um comentário