7 de fev. de 2009

Na dor e na guerra a literatura persiste


Uma historia incomum: uma menina que descobre o poder das palavras e uma narradora a espreitar-lhe todos os passos de maneira curiosa. È dessa forma que vislumbramos a “A Menina que Roubava Livros” de Marcus Zuzac (Intrínseca. R$19,20 em submarino.com.br) . Em meio a Segunda Guerra Mundial e os horrores do nazismo Liesel Meminger , a heroína, faz da literatura uma forma de encarar a realidade com olhos de esperança. A narradora da história não é ninguém menos do que a própria morte que também rouba seus laços afetivos. Uma narrativa tecnicamente bem elaborada e um texto enxuto que envolve o leitor de maneira a configurar imagens muito reais através da leitura. A trajetória de Liesel, da infância a maturidade, nos deixa compelidos a refletirmos sobre a fragilidade e a efemeridade das relações. De maneira intensa a personagem auxilia a quem também sempre teve o mínimo ou quase nada. Há Max Vandenburg, o judeu perseguido e que se esconde nos porões da história; Hans Hubermann, o pai adotivo, responsável por iniciar Liesel no mundo das letras; as leituras no abrigo antiaéreo e as lembranças da morte do irmão que assombram a personagem até o fim. Talvez haja maneira mais explicita de se compartilhar uma história que marca nossa experiência literária, e certamente, é vivenciando-a através das páginas que aqui recomendo. “A Menina que Roubava Livros” é uma ferida aberta de preconceitos e atrocidades, mas ainda sim com alguém a acenar com solidariedade em meio ao caos e a destruição. Para quem teve a vida surrupiada pelo destino sombrio da guerra, roubar livros era só um passatempo infantil.

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