2 de mar. de 2013

Maria Eugênia bebia chá


Maria Eugênia. De dia, o mais puro recato. De noite, o menor dos pudores. Às vezes, o inverso. De dia, garoa. De noite, tempestade. Trocava de corpo, de alma, de sorriso, de vida, como quem almeja uma definição. Indefiniu-se.
    Sentou-se serena no sofá, chá nas mãos entrecruzadas, como em uma prece a pedir pela salvação. Endemoniou-se, a coitada. O corpo, degradação pura do desejo, já não lhe obedecia. Mãos delicadas e o seu segredo. Subiu aos céus. 

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