13 de jul. de 2013

Visita para Abelardo

Foi num dia azul que os teus olhos se fecharam. Apesar das margaridas, chorei tua ausência. Abelardo, por que não me olhas? Aqui estou, sentada sobre tua lápide à espera de algo teu, talvez um beijo. A culpa que meus ombros drummondianos carregam é imensa. Eu poderia correr, eu poderia gritar, eu poderia evitar, eu poderia. Mas não. Deixei o amor te consumir até os ossos. Eu avisei, Abelardo, da tempestade. Há poetas, bêbados, prostitutas chorando tua morte. Mal sabem o mal que me fizeste. Foi por ti, Abelardo, que passei a acreditar nos amores líquidos. Hoje, trouxe-te um girassol, tão amarelo quanto meu sorriso. Há despedida em meus olhos, mas não quero.

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