Essa sangria mensal me
destrói o corpo. Fico doente de ranger os dentes. Brinco de cortesã: minhas
habilidades por um bom prato de poesia pra preencher esse oco. Deus tudo vê na
parede da cozinha. Minhas pernas não me obedecem. Sou punida todos os meses
porque não desejo procriar. Mãe natureza do cassete. Tenho que ir lá comprar
frutinhas pra manter a saúde. E a sanidade, entonces. No ônibus um provável
assédio: ajuda com as sacolas e eu te chamo pra sair. Nojo. Nenhum traço de
beleza - sim, é só o que importa a partir de agora. Costas largas para que eu
possa escalar - devagar e sempre – até aparecer o cavalo branco. Joana me
irrita, tenta encontrar sintomas no que escrevo e não aceita o meu hermetismo.
Júlio, não. Ele me lê enquanto literatura. Desculpa, Ana. Só tive um dia
difícil. Não ando amuada não, é que a existência pesa. Pedras imensas no
sapato.
Agora a dor passou.
Conversei com o Júlio por um longo tempo e não entendo a resistência da Joana
em não perdoá –lo. Mas você não tem nada com isso, não é mesmo? Ah, tem sim!
Foi lendo sua poesia que essa história toda começou! E eu de encantos morro por
ti, minha sereia.
Um beijo líquido nesse
rosto de adeus,
Bia [ que te quer aqui
bem perto]
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