1 de abr. de 2011

Já não me contento mais com o pouco do que me subtraíram . Sinto falta dos ruídos da casa, a porta abrindo sem culpa, o vento sacudindo a janela, o sol teimosamente me avisando que o dia começa. Aqui não há portas nem janelas abertas. Há um ressonar baixo de sonho perdido, lembrança fosca que confunde. Um exílio inexplicável de sombras e murmúrios, tudo fragmentando o meu eu desconjuntado. Há um ruir de paredes assustador, desconstruindo o jardim. Tudo vago, despedaçado. Abro Hilda Hilst e ela me diz: “Do tempo/as enormes mandíbulas/roendo nossas vidas”. Esfarelo-me como um pão sem o miolo, oco de presenças. 

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