8 de jan. de 2014

Dear Ana,



tenho me debruçado sobre tua palavra por longas noites. Falamos da mesma coisa? Sim. Indicação seca do presente. Tão várias que chegam a gritar. Mas ninguém escuta. De praxe esse canibalismo hostil. Bia tem andado amuada, olhos tristes, sem fôlego para  a vida. É por querer ser inteira que sofre tanto. Só vê parapeitos azuis para travar o  seu combate. Júlio telefona sempre, com aquele torpor na voz pedindo pelo farol mais próximo. Mas tenho evitado as ligações, um não ouvir descompromissado que me pesa os ombros. Por que atender se as palavras em mim já secaram?  Não, Júlio, não quero mais brincar de puta. Te gosto Ana. E aquele mar ali tão perto tão bravo tão nosso. É de se fazer entender esse pequeno drama que criamos. Pura representação. Ao fechar o livro, tua voz se instalou em meus ouvidos: vai, Joana, ser triste na vida. E fui. Cá estou querendo compartilhar voos contigo.


Um beijo de azul - flor nos teus cabelos,

Joana [que te quer bem].

P.s: Vamos tomar chá das cinco  e eu te conto a minha grande história passional. 

2 comentários:

  1. Belo texto. Uma carta subjetiva, permeada de lirismo! Cada vez me impressiona mais o trato sutil que tens com as palavras. Parabéns!

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  2. Ah, querido... obrigada pela leitura! Eu queria mesmo dizer algumas coisas para a Ana Cristina e isso só a ficção faz pela gente hehe Beijo

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